Em qual jardim nasce a flor da poesia - onde a delicadeza anda de mãos dadas com a beleza? Quantos sentidos para encontrar a vertente da imagem – onde a linguagem banha seus pés descalços? Como tocar o coração da criança com o mágico e o encantamento para que ela cresça sabendo distingui-los da mentira e da ilusão? Existe uma receita para entrar na casa do imaginário e abrir as janelas do pensamento? Qual a cor do sentimento e quantas palavras e traços são precisos para beber o precioso? A fantasia não afunda - por que estou fazendo tantas perguntas?
Porque eu também prefiro a fantasia. E porque Márcia Martiny escreveu pérolas-poemas e Daniel Vérsa ilustrou com traços-tesouros, no livro que tens nas mãos.
DOBRARIA, um lindo objeto-livro de poesia, voltado para o encantatório, comprova mais uma vez: a poesia é possível, inesgotável e inquieta feito um lambari na água do rio.
Aqui, uma obra com palavras e dobraduras, uma arquitetura onde tetos, paredes, chãos e tudo o mais está colocado com justeza e pontaria.
Onde tudo está por ser reinventado, como se requer de uma vida com poesia.
É caixa de música, brinquedo de montar que já vem montado e poderá ser reinventado dentro da cabeça da gente.
Porque é um livro com poemas-brinquedos e quem o abrir, estará abrindo algo que jamais se fechará.
Assim é feita a vida, sempre se desdobrará.
A poesia está guardada nas palavras, fala o poeta Manoel de Barros, e se poesia é voar fora da asa, Márcia e Daniel são dois aviõezinhos de papel.
Agora, licença, tenho palavras coçando-se aqui perto, querendo ser dobradas e reviradas, o que acontece quando leio um livro que me inunda, me enxágua, me faz voar e mergulhar sem sair do lugar.
Parabéns aos autores, e a nós, leitores!
Nenhum comentário:
Postar um comentário